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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A Imprensa e a renúncia de Bento XVI



Ratzinger: renúncia surpreendeu o mundo católico
Estadão
Papa Bento XVI deixa o pontificado dia 28 de fevereiro
VATICANO - O Papa Bento VXI vai renunciar a seu pontificado no próximo dia 28 de fevereiro, anunciou nesta segunda-feira, 11, o Vaticano.

O anúncio foi feito pelo próprio papa em um pronunciamento em latim. Bento XVI disse que deixa o cargo devido à idade avançada - 85 anos - e por não ter mais força para cumprir os deveres. 
"Por esta razão, e bem consciente da gravidade deste ato, eu declaro que renuncio", explicou Bento XVI, de acordo com uma declaração do Vaticano. Esta é a primeira vez que um papa renuncia em quase 600 anos.


O alemão Joseph Ratzinger, de 85 anos, assumiu o comando da Igreja Católica em 19 de abril de 2005, após a morte de João Paulo 2º. Aos 78 anos, Ratzinger foi um dos cardeais mais idosos a ser eleito papa.

Ele assumiu o posto em meio a um dos maiores escândalos enfrentados pela Igreja Católica em décadas - as revelações de abusos sexuais de crianças cometidos por clérigos católicos em paróquias de vários países.

Estadão
Vaticano tem problemas fiscais e rombo somou US$ 18,4 milhões em 2011

 

Gasto com pessoal é o mais significativo, em 2011 somava 2.832 pessoas, diz documento


LONDRES - Uma das principais causas da crise financeira europeia é o tamanho do Estado. Nos últimos anos, vários países da região gastaram mais que do que entrou nos cofres públicos e a saúde financeira foi ladeira abaixo.

 A oeste do Rio Tibre, localizado no centro de Roma, a cidade-estado do Vaticano sofre com mesmo problema da Itália, Grécia e Espanha. Ou seja, as contas papais estão no vermelho.

Soberano da Itália desde 1929, o Vaticano amargou recentemente um dos piores anos de sua história em termos fiscais. Balanço aprovado pelo Conselho de Cardeais em julho do ano passado mostra que a cidade-estado amargou um déficit de US$ 18,4 milhões em 2011. Em 2010, após esforço para melhorar as contas, a Santa Sé havia registrado um auspicioso superávit de US$ 9,9 milhões.

O balanço aprovado pelo conselho dos cardeais não esconde a causa do rombo. "O item mais significativo nos gastos foi o relativo ao pessoal, que em 31 de dezembro somava 2.832 pessoas. Gastos com comunicação também devem ser considerados", diz o documento que apresentou o balanço de 2011.

 Apesar de ter o 7º menor mercado de trabalho do mundo, a cidade-estado tem um índice elevado de trabalhadores por habitante: são 3,5 empregados para cada um dos 800 moradores da Santa Sé.
Ou seja, os servidores do Vaticano representam 354% da população. Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o porcentual dos servidores públicos sobre a população no Brasil é cerca de 12% e, na média dos países da OCDE, o porcentual é de 22%.

Além de reconhecer que o tamanho da máquina afetou as contas públicas de 2011, o documento do Vaticano reconhece que a crise global também derrubou o fôlego financeiro.

 "O resultado foi afetado pela tendência negativa dos mercados financeiros globais, o que tornou impossível alcançar as metas estabelecidas no Orçamento", dizem os cardeais.

Bilheteria
A principal receita do Vaticano vem da cobrança de ingressos para a entrada em alguns dos belos edifícios ao redor da Praça de São Pedro. A receita com a bilheteria alcançou US$ 112,7 milhões em 2011, valor 10,8% maior que o visto um ano antes. Segundo a Igreja, foram mais de 5 milhões de visitantes naquele ano.


Apesar de mais turistas terem passado por lá, as doações não cresceram tanto. O dinheiro dado pelos fiéis diretamente ao Vaticano somou US$ 69,7 milhões em 2011, em alta de 3,1% - ritmo de crescimento de menos de um terço da bilheteria.

Com as doações em baixa, o Vaticano pediu apoio às demais áreas da Igreja mundo a fora. Segundo o balanço, o "apoio econômico oferecido por circunscrições eclesiásticas de todo o mundo para manter o serviço da Cúria Romana" somou US$ 32,1 milhões em 2011, 17,5% mais que um ano antes. 
G1
Papa Bento XVI vai renunciar ao pontificado em 28 de fevereiro

Ele fez o anúncio pessoalmente nesta segunda-feira (11) no Vaticano.
Pontífice disse que deixa o cargo por não ter mais forças para exercê-lo.



O Papa Bento XVI vai renunciar a seu pontificado em 28 de fevereiro.
Bento XVI anunciou a renúncia pessoalmente, falando em latim, durante um encontro de cardeais no Vaticano.


O surpreendente discurso foi feito entre as 11h30 e 11h40 locais (8h30 e 8h40 do horário brasileiro de verão), segundo o Vaticano. A Rádio Vaticana publicou o áudio.


A Santa Sé anunciou que o papado, exercido pelo teólogo alemão desde 2005, vai ficar vago até que o sucessor seja escolhido, o que se espera que ocorra "o mais rápido possível" e até a Páscoa, segundo o porta-voz Federico Lombardi.


Em comunicado, Bento XVI, que tem 85 anos, afirmou que vai deixar a liderança da Igreja Católica Apostólica Romana devido à idade avançada, por "não ter mais forças" para exercer as obrigações do cargo.




O pontífice afirmou que está "totalmente consciente" da gravidade de seu gesto.  "Por essa razão, e bem consciente da seriedade desse ato, com total liberdade declaro que renuncio ao ministério como Bispo de Roma, sucessor de São Pedro", disse Joseph Ratzinger.

Na véspera, Bento XVI escreveu em sua conta no Twitter: "Devemos confiar no maravilhoso poder da misericórdia de Deus. Somos todos pecadores, mas Sua graça nos transforma e renova".


Sucessor de João Paulo II, Bento XVI havia assumido o papado em 19 de abril de 2005, com 78 anos.


O Vaticano afirmou que a renúncia vai se formalizar às 20h locais de 28 de fevereiro (17h do horário brasileiro de verão), uma quinta-feira.
Até lá, o Papa estará "totalmente encarregado" dos assuntos da igreja e irá cumprir os compromissos já agendados, segundo a Santa Sé.



Folha

Bento 16 enfrentou escândalo de pedofilia e suspeita de corrupção

 

O papa Bento 16, que anunciou sua renúncia nesta segunda-feira, foi escolhido como chefe da Igreja Católica em 2005 no lugar de João Paulo 2º.

Conservador, o cardeal alemão enfrentou durante o seu pontificado duros ataques contra Igreja Católica em escândalos e crises que foram apontados como responsáveis para o afastamento de fieis nos últimos anos.

Entre 2009 e 2010, Bento 16 teve de lidar com um volume crescente de acusações de que representantes da Igreja ajudaram acobertar casos de pedofilia em comunidades nos EUA e na Europa.

A Irlanda, um dos principais países envolvidos no escândalo, viu vários bispos e membros da Igreja renunciarem em meio às denúncias. A crise teve efeitos também no país de origem de Bento 16, a Alemanha, onde houve relatos de abusos em comunidades católicas.

Diante das críticas, o pontífice fez, em uma visita ao Reino Unido, em 2010, uma das críticas mais duras à sua igreja. Declarou que as autoridades católicas não foram vigilantes o suficiente e não souberam agir com rapidez nos casos de abusos sexuais cometidos contra crianças por padres católicos.

Na visita, Bento 16 chamou a pedofilia de "perversão" e disse que é necessário deixar aqueles que sofrem "dessa doença" o mais longe possível de suas possíveis vítimas, uma vez que o "livre arbítrio não funciona" quando a pessoa está acometida deste mal.

Os casos de suspeitas de pedofilia motivaram, por mais de uma vez, pedidos de perdão por parte do pontífice.

VATILEAKS
No mais recente escândalo que arranhou o pontificado do papa Bento 16, documentos vazados do Vaticano apontaram casos de corrupção e abuso na comunidade católica.

O ex-mordomo do papa, Paolo Gabriele, um dos poucos com acesso ao quarto de Bento 16, foi condenado a 18 meses de prisão por roubar os documentos. O caso ficou conhecido como VatiLeaks, em referência ao método do site Wikileaks de vazar papéis secretos.

"Não sou um ladrão. O que sinto mais fortemente dentro de mim é a convicção de que agi exclusivamente por amor, um amor visceral pela Igreja de Cristo e seu representante na Terra", disse ontem o ex-mordomo na audiência.

No início do julgamento ele já havia alegado que agiu motivado pelo desejo de ajudar o papa a se livrar da corrupção no Vaticano.

PRESERVATIVOS
Em outro caso de repercussão, gerou polêmica uma declaração de Bento 16 sobre o uso de preservativos.

No livro "Luz do Mundo", o pontífice afirmou ao jornalista alemão Peter Seewald que o uso de preservativos seria aceitável "em certos casos", para reduzir o risco de infecção do vírus da Aids.

Na mesma obra, publicada em 2010, Bento 16 admite a possibilidade de uma renúnciamotivada por problemas de saúde.


O Globo

Bento XVI decidiu renunciar em março de 2012, diz jornal do Vaticano


O papa Bento AP
ROMA - Embora os católicos de todo o mundo tenham sido surpreendidos pelo anúncio da renúncia de Bento XVI ao pontificado, prevista para 28 de fevereiro, a decisão do Papa não foi recente ou intempestiva. Segundo Giovanni Maria Vian, diretor do “L'Osservatore Romano”, jornal oficial do Vaticano, a medida fora decidida pelo Sumo Pontífice durante sua viagem ao México e a Cuba, entre 23 e 29 de março do ano passado. Durante aquela viagem, Bento XVI apareceu pela primeira vez em público apoiado em uma bengala, levantando especulações sobre sua saúde.


Folha


Bento 16 anuncia renúncia; novo papa será eleito em março

 

O papa Bento 16 anunciou, nesta segunda-feira, que vai renunciar do cargo no próximo dia 28.

Esta é a primeira vez em quase seis séculos que um papa renuncia ao cargo. O último fazer isso foi Gregório 12, em 1415.

O papa disse em um comunicado que está "plenamente consciente da dimensão do seu gesto" e que renuncia do cargo por livre e espontânea vontade.

O porta-voz do Vaticano, Frederico Lombardi, disse que o papa não havia renunciado por "dificuldades no papado" e que a decisão havia sido uma surpresa, indicando que mesmo os auxiliares mais próximos não sabiam que ele estava para deixar o cargo. O papa não teme uma cisão na igreja após sua renúncia, disse o porta-voz.

Ele também explicou que, de acordo com o canon pontificio (normas que regem o exercício do Papa), as condições para deixar o cargo são que o anúncio seja feito de forma livre e que a demonstração seja inequívoca. Ninguém precisa aceitar formalmente a decisão.

Lombardi informou ainda que no mês de março, provavelmente, será anunciado um novo papa. "Para a Páscoa devemos ter um novo papa, essa é a previsão que podemos fazer", disse o porta-voz, explicando sobre a fase de "Sé vacante", que será iniciada às 20h do dia 28 de fevereiro, período que a Igreja terá para anunciar o sucessor de Bento 16. Lombardi afirmou que o papa não irá participar do conclave.

Escolhido papa em abril de 2005, Bento 16 vai renunciar ao pontificado no final de fevereiro, informou o Vaticano.

De acordo com o documento, um dos motivos da renúncia seria sua idade avançada. Bento 16 tem 85 anos e sofre de artrite, especialmente nos joelhos, quadris e tornozelo.

Joseph Ratzinger nasceu na Alemanha no dia 16 de abril de 1927 e é o pontífice número 265 da Igreja Católica e o sétimo Chefe de Estado do Vaticano.

O papa viria ao Brasil em julho para a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro.

Um conclave será convocado para escolher o próximo pontífice. Até que um novo Papa seja escolhido, o posto ficará vago. Lombardi disse que o Vaticano espera escolher o substituto de Bento 16 até o final de março.

Durante o conclave, Bento 16 irá se mudar para a residência de Castel Gandolfo, ao sul de Roma. Após a escolha do novo Papa, ele deve ir para um convento.

Bento 16 foi eleito para suceder João Paulo II, um dos pontífices mais populares da história. Ele foi escolhido em 19 de abril de 2005, quando tinha 78 anos, 20 anos mais idoso que João Paulo II quando foi eleito.


Filho de comissário de polícia, Ratzinger teve uma vida dedicada à fé cristã

 

Como prefeito da da Congregação para a Doutrina da Fé ele puniu Leonardo Boff




Nascido num Sábado Santo em 16 de abril de 1927, em Marktl am Inn, diocese de Passau, na Alemanha, o Papa Bento XVI, Joseph Ratzinger, é fruto de uma família cujo pai, comissário da polícia, era descendente de agricultores da Baixa Baviera e sua mãe, que trabalhou como cozinheira em hotéis antes de se casar, filha de artesãos de Rimsting, no Lago de Chiem.


Na infância e na adolescência, Ratzinger passou em Traunstein, localidade pequena, próxima à fronteira com a Áustria e 30 quilômetros de Salisburgo, que o próprio classificou como um ambiente “mozarteano”.

Durante o período da juventude, Joseph Ratzinger conviveu com a turbulência da II Guerra Mundial. Ele confessou ter visto os nazistas darem chibatadas no pároco antes de uma celebração da Santa Missa. Nos últimos meses da guerra, foi incluído nos serviços auxiliares anti-aéreos.


Foi nessa época, ainda jovem, que o futuro Papa Bento XVI começou a dedicar-se à sua fé em Cristo. Ele recebeu a Ordenação Sacerdotal em 29 de junho de 1951 e, um ano depois, iniciou suas atividades como professor, na Escola Superior de Freising.


Já em 1953, Joseph Ratzinger doutorou-se em teologia com a tese Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho. Quatro anos depois, sob a direção do renomado professor de teologia fundamental Gottlieb Söhngen, conquistou a habilitação para a docência com a dissertação A teologia da história em São Boaventura.


Após ocupar o cargo de professor de teologia dogmática e fundamental, em Freising, Bento XVI continuou a docência em Bonn: lecionou de 1959 a 1963; em Münster, de 1963 a 1966; e em Tubinga, de 1966 a 1969.

A partir daí, passou a ser catedrático de dogmática e história do dogma na Universidade de Ratisbona, onde ocupou também o cargo de Vice-Reitor.

Entre 1962 e 1965, Ratzinger chegou a contribuir com o Concílio Vaticano II, quando era consultor teológico do Cardeal Joseph Frings, Arcebispo de Colônia.

O Papa Bento XVI, com intensa atividade científica, ocupou cargos a serviço da Conferência Episcopal Alemã e na Comissão Teológica Internacional.

Em 25 de Março de 1977, o Papa Paulo VI nomeou-o Arcebispo de München e Freising. Em maio do mesmo ano, recebeu a sagração episcopal. Depois de 80 anos, foi o primeiro sacerdote diocesano que assumiu o governo pastoral da arquidiocese bávara. Seu lema episcopal foi Colaborador da Verdade.


Forte ligação a João Paulo II
Em 1978, participou no Conclave, celebrado em 25 e 26 de Agosto, que elegeu João Paulo I. Em outubro do mesmo ano, participou também no Conclave que elegeu João Paulo II.

Com João Paulo II, teve um forte ligação. Foi nomeado Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e Presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional, em 1981. No ano seguinte,

Ratzinger renunciou ao governo pastoral da arquidiocese de München e Freising. Em seguida, o papa o elevou à Ordem dos Bispos e lhe atribuiu a sede suburbicária de Velletri-Segni, em abril de 1993.

Como cardeal e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Ratzinger conduziu o interrogatório, em setembro de 1984, que condenou o teólogo Leonardo Boff a um ano de “silêncio obsequioso”, por conta de suas teses ligadas à Teologia da Libertação, contidas no livro “Igreja: Carisma e Poder”.

Leonardo Boff, na época, foi obrigado a se sentar na mesma cadeira que Galileu Galilei havia sentado 400 anos antes.

Como presidente da Comissão encarregada da preparação do Catecismo da Igreja Católica, Ratzinger, após seis anos de trabalho, apresentou ao Papa o novo Catecismo.

Em novembro de 1998, foi aprovada a eleição de Ratzinger para Vice-Decano do Colégio Cardinalício, realizada pelos Cardeais da Ordem dos Bispos. Em 2002 também foi aprovada sua eleição para Decano, cargo que lhe foi atribuído a sede suburbicária de Óstia.

O prestígio com o então Papa o levou como convidado especial de João Paulo II nas celebrações pelo XII centenário da criação da diocese de Paderborn, na Alemanha. Desde novembro de 2000 é Membro honorário da Academia Pontifícia das Ciências.

Diversas publicações

O Papa Bento XVI também escreveu diversos livros como o “Introdução ao Cristianismo”, uma série de lições universitárias publicadas em 1968 sobre a profissão de fé apostólica, e Dogma e Revelação (1973), uma antologia de ensaios, homilias e meditações, dedicadas à pastoral.

No decurso dos anos, sua série de publicações serviu como ponto de referência para muitas pessoas, especialmente para os que queriam entrar em profundidade no estudo da teologia.
Em 1985 publicou o livro-entrevista “Informe sobre a Fé” e, em 1996, “O sal da terra”. E, por ocasião do seu septuagésimo aniversário, publicou o livro “Na escola da verdade”, onde aparecem ilustrados vários aspectos da sua personalidade e da sua obra por diversos autores.

Como Papa, Bento XVI esteve no Brasil durante cinco dias, entre 9 e 13 de maio de 2007, pouco mais de dois anos da após assumir a chefia da Igreja Católica em todo o mundo. A vinda dele foi para abrir oficialmente a 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, em Aparecida, no interior de São Paulo.

Na passagem dele pelo Brasil, canonizou o Frei Galvão, tornando-o Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, o primeiro santo nascido no Brasil.

Bento XVI pode provocar uma revolução na igreja com renúncia

 

Para alguns estudiosos, a intenção de Bento XVI pode ter sido dar fim a uma guerra interna que culminou com a divulgação de documentos secretos do papa, roubados pelo ex-mordomo, Paolo Gabriele.


Nesta terça-feira (12), o Vaticano deu mais detalhes sobre o futuro de Bento XVI, depois que deixar o cargo. Especialistas discutem os motivos que levaram o papa a renunciar.


Bento XVI começa a viver em reclusão os seus últimos dias de papa em atividade. Depois de aposentado, pretende ser o mais discreto possível e não vai interferir no governo do sucessor,
afirmou o assessor da Secretaria de Estado, Greg Burke.


Embora seja o chefe do colégio Cardinalício, não vai participar do próximo conclave.


O papa Ratzinger vai morar em um mosteiro de freiras de clausura, no Vaticano numa ala separada. A decisão provoca muitas consultas, até como Bento XVI deverá ser chamado depois do seu adeus.


Além do irmão, eram poucos os que sabiam da decisão extrema: o secretário particular, padre Georg; o camerlengo, Tarciso Bertone, que assume o governo da igreja na ausência de um papa, e o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, que teria recebido a notícia há uma semana.


O que muitos se perguntam é o que pode estar por trás da decisão. O porta-voz afirmou que, apesar do segredo em torno do marcapasso, o papa não tem nenhum problema grave de saúde. A saúde frágil nunca foi empecilho para os papas, que no sofrimento adquirem mais carisma.


Em 2010, numa entrevista ao jornalista alemão Peter Seewald, publicada no livro “A Luz do Mundo”, Bento XVI afirmou que um papa tem o dever de renunciar´, se não tiver condições físicas, mentais e espirituais de desempenhar o cargo. Antes, havia defendido o conceito em outro livro do mesmo jornalista, “O sal da terra”.


Outro indício que na época não despertou a atenção aconteceu na visita à região de l'aquila, atingida por um terremoto, em 2009. Num momento registrado pelo jornal oficial da Santa Sé, o Osservatore Romano, Bento XVI visitou o túmulo de Celestino V - o papa que há quase oito séculos criou a lei que permite a renúncia.


No ano seguinte, fez orações na catedral de Sulmona, que guarda as relíquias de Celestino.


Para alguns estudiosos, a intenção de Bento XVI pode ter sido por fim a uma guerra interna, que culminou com a divulgação de documentos secretos do papa, roubados pelo ex-mordomo, Paolo Gabriele.


O papa humilhado ficou entre duas supostas facções da cúria, uma que apoiava o secretário de estado, Tarciso Bertone, e outra que queria a sua demissão. Essas são suposições que só a história poderá confirmar, no futuro, se são verdadeiras.


O papa se esforçará para convencer a todos que sua decisão foi apenas humana. Para a maior parte dos bispos, a sua atitude foi uma grande demonstração de humildade e desapego do poder.


Seja qual for o motivo, com a renúncia de Bento XVI, a instituição do papado poderá sofrer mudanças nunca vistas. O cargo não é apenas uma incumbência política, de chefe do estado do Vaticano. Mas principalmente uma guia espiritual, que os católicos reconhecem como o representante de Jesus na Terra.


Como a decisão de Bento XVI foi racional e laica, isso pode permitir que mais seja dado aos bispos, como previa o Concílio Vaticano II na década de 60. O conservador Bento XVI, com a sua renúncia, pode provocar uma revolução na igreja.

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